Coordenadora de Pedagogia indica cinco livros do autor Bartolomeu Campos de Queirós
- 04/18/2019
- Bruna Araujo
Hoje, 18 de abril, é o Dia Nacional do Livro Infantil.
Conversamos com a Prof.ª Nadja Rodrigues da Silva, coordenadora do curso de Pedagogia da Universidade Ibirapuera, que contou sobre sua relação com o tema e indicou os cinco melhores livros infantis do autor Bartolomeu Campos de Queirós para você começar a ler hoje.
A docente começou a carreira na Educação Infantil. Por conta de sua paixão por livros, decidiu fazer dois anos de uma especialização em Literatura na PUC-SP. Ao mesmo tempo, trabalhava na creche de uma Instituição Privada que fomentava as artes em geral, desde a literatura, artes plasticas, dança e música. Assim, no decorrer do curso ela foi auxiliando as salas de Educação Infantil, levando a leitura para os pequenos, com um olhar apropriado para cada faixa etária, como qual tipo de história é apropriada para os bebês?, passando a ter um outro olhar para esse gênero literário. Segundo a Prof. Nadja, “O imaginário das narrativas infantis, a questão lúdica e a interação entre a ilustração, enfim, as cores dela [Literatura Infantil] desenvolvem de forma potente, crianças leitoras.
Na Literatura Infantil, a coordenadora começa a ter contato com vários escritores que se dedicam ao gênero, como Ana Maria Machado, Ricardo Azevedo, Ruth Rocha, dentre outros. O encantamento pela literatura infantil faz com que a coordenadora se depare com o escritor mineiro Bartolomeu Campos de Queirós e suas obras, momento em que descobre uma escrita diferenciada para os pequenos. “Os textos dele são sinestésicos”, segundo a docente. Desta forma, nasce a escolha do escritor e obra para o seu projeto final do curso de especialização.
Seu primeiro contato foi com a obra do Ah! Mar, um livro que a conquistou logo com o título, que anuncia uma brincadeira com a palavra Mar e Amar. Livro este que a docente escolhe para seu trabalho de conclusão de curso. “Ao começar a leitura de outros livros do escritor, ficou nítido para mim uma prosa poética, com uma riqueza de metáforas. Ele consegue essa façanha de escrever para a criança e adulto, não tem distinção. Bartolomeu sabe que a criança compreende, sendo assim, ele não empobrece a linguagem”.
“Cada capítulo, cada página, você percebe que ele brinca, joga, usa metáforas, traz os sentimentos da infância. Inclusive, as metáforas em suas obras são fantásticas. Em Vermelho Amargo, ele traz o sentimento de uma criança quando perde a mãe… aqui você percebe o quanto as palavras são potentes, o vocabulário é rico, mesmo para a criança isso é importante.”
“As palavras são portas e janelas. Se debruçarmos e reparamos, nos inscrevemos na paisagem. Se destrancarmos as portas, o enredo do universo nos visita. Ler é somar-se ao mundo, é iluminar-se com claridade do já decifrado. Escrever é dividir-se. Cada palavra descortina um horizonte, cada frase anuncia outra estação. E os olhos, tomando das rédeas, abrem caminhos, entre linhas, para viagens do pensamento. O livro é passaporte, é bilhete de partida”. (Bartolomeu Campos de Queirós)
TOP 5 – livros do autor Bartolomeu Campos de Queirós
1 – Vermelho Amargo
Sinopse:
As marcas da infância permanecem no adulto e podem iluminar sua vida ou ser um fardo pesado de conviver. Em Vermelho amargo, prosa poética de cunho autobiográfico, o escritor Bartolomeu Campos de Queirós narra as difíceis memórias afetivas de sua dolorosa infância. Ele, muito cedo, teve que aprender a lidar com a madrasta enquanto ainda sofria com a morte prematura da mãe. “Havia na cidade a madrasta, a faca, o tomate e o fantasma. A mãe morta ressuscitava das louças, das flores, dos armários, das cadeiras, das panelas, das manchas dos retratos retirados das paredes, das gargantas das galinhas.”
O escritor revisita, em sua narrativa memorialista, não só seus sentimentos e suas atitudes, mas também dos cinco irmãos, do pai e da madrasta. A mãe, sem dúvida, é a presença mais constante no texto. De extrema delicadeza, contrapõe-se à figura nada terna da madrasta.
O romance foi vencedor in memoriam da categoria Melhor Livro do Ano do Prêmio São Paulo de Literatura 2012, promovido pela Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo. Um livro curto, mas denso para ler com o coração. Como o próprio autor coloca na epígrafe: Foi preciso deitar o vermelho sobre papel branco para bem aliviar o seu amargor.
2 – Os Cinco Sentidos
Sinopse:
Os cinco sentidos – visão, audição, olfato, paladar e tato – transformados na prosa poética de Bartolomeu Campos de Queirós instigam o leitor a compreender e a refletir sobre o caráter expressivo, sensível e criativo da linguagem nas suas diferentes formas. Por meio dos sentidos produzimos linguagem. Por meio dela o homem dialoga consigo mesmo, com os outros e com o mundo a sua volta. A linguagem, seja verbal ou não verbal, está presente em todas as atividades humanas; saber usá-la com sensibilidade é um desafio da sociedade contemporânea.
Por meio dos sentidos suspeitamos o mundo. (…) Com os olhos nós olhamos a vida. Olhamos as águas rolando entre pedras, peixes, algas. (…) Com os ouvidos nós escutamos o silêncio do mundo. (…) Com o nariz sentimos os cheiros do mundo. (…) Com a boca sentimos o sabor das coisas… (…) Quando alguém especial nos olha nós nos sentimos tocados. (…) Em cada sentido moram outros sentidos.
3 – Ah! Mar
Sinopse:
“Quem vive entre montanhas ama mais o mar? É possível amar o mar sem nunca o conhecer? É possível navegar à distância?”. Essas são perguntas que permeiam este livro, como permeiam também o amor, seus encantos e mistérios. ‘Ah! Mar’ é um poema em prosa de um marinheiro das montanhas em busca de seu desejo maior, encontrar seu mar. É um livro sobre os desejos, o amor e as impossibilidades.
4 – Para Criar Passarinho
Sinopse:
Para bem criar passarinho é proveitoso ignorar as grades, as prisões, as teias. É bom se desfazer das paredes, cercas, muros e soltar-se, deixar-se vagar entre perfumes e brisa. É melhor ainda não dispor de trilhas ou veredas e ter o ar inteiro como espaço pequeno para a ligeireza das asas. Para bem criar passarinho é bom construir uma gaiola, mais ampla que a terra, de janelas abertas para o universo (…)
Para criar passarinho apresenta uma característica comum aos textos de Bartolomeu Campos de Queirós: a atemporalidade, permitindo que crianças e adultos sejam seduzidos pela leveza e magia de suas palavras. Estas despertam a sensibilidade adormecida e os sentidos que dizem mas não dizem, convidando o leitor a abrir e a experimentar suas asas, para voar bem alto.
5 – Ler, Escrever e Fazer Conta de Cabeça
Sinopse:
Em sua trajetória como escritor, Bartolomeu Campos de Queirós já publicou mais de quarenta livros. Sua prosa poética, sempre tão humana e sensível, emociona o leitor durante toda narrativa.
Em Ler, escrever e fazer conta de cabeça, a infância do narrador-personagem, ora marcada pela alegria, ora marcada pela dor, é recriada cuidadosamente. Os sentimentos vividos, os episódios significativos, as festas, as traquinagens e as brincadeiras infantis, as pessoas queridas não se perderam em sua lembrança. As palavras eram feitas de pedaços, e cabia à gente juntá-los.
No escuro, com linha escura e cautela, eu ia arrumando as letras, somando partes com cuidado, sem pensar na palavra morfina, para não me aborrecer. E minha mãe, cada dia mais mofina, andava sem força para cantar e espantar o pavor.
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